TDAH na infância

Em meados de 1998, quando eu estava na primeira série, minha professora percebeu algo diferente em mim: eu me distraía com facilidade durante as aulas. As lições nunca eram concluídas no tempo certo e, muitas vezes, eu nem chegava na metade delas.

Mas por que isso acontecia?

Naquela época, quase ninguém falava em TDAH. Era um tema pouco conhecido, ainda visto como raro ou até inexistente para muitos. Mesmo assim, os sinais já estavam lá. Enquanto a professora enchia o quadro com textos, eu estava ocupado contando as janelas da sala, observando as divisórias do teto ou acompanhando, com curiosidade, o voo enigmático de uma mosca. Manter o foco parecia uma missão impossível.

Hoje, com a facilidade de acesso à informação, ficou muito mais simples identificar sinais de TDAH nas crianças. Você pode observar, por exemplo, quando uma criança tem dificuldade em manter a atenção em tarefas aparentemente simples, como escovar os dentes, se vestir ou pentear o cabelo. Ela começa uma atividade, mas logo se interrompe várias vezes para olhar ou fazer outras coisas. É nesses pequenos detalhes do dia a dia que o TDAH pode se revelar.

Se você notar esse padrão com frequência, pode ser um indício — mas calma: isso não é o fim do mundo. O TDAH tem tratamento e, quanto antes for identificado, melhor é a qualidade de vida da pessoa. Muitas vezes, ele é visto como um obstáculo, mas quando bem compreendido e direcionado, pode abrir portas para um futuro cheio de possibilidades.

Ter TDAH não significa ser “menos”. Muito pelo contrário: significa pensar de forma única, criativa e, em muitos casos, fora da caixa. No próximo conteúdo vou falar justamente sobre os pontos fortes de quem tem TDAH — e você vai perceber que ele está longe de ser um bicho de sete cabeças.